O Tempo passa por nós com pés de asas
e não há como acenar ou despedir-se. Ele marcha imponente e certo do seu
destino - adiante!
Chefiando o exército, esbraveja o
fiel comandante, Milésimo de Segundo: _ À frente companheiros! Marchem! Não
parem!
Entre a ala dos Segundos ouve-se rumores: _ Os
Minutos são uns molengas!
Mas todos estão muito seguros de
si. Os Minutos não se intimidam com ademais, mas murmuram a capacidade alheia: _
Vamos Horas! Suas atrasadas! O chefe já vai muito longe! Essa só podia ser a
infantaria feminina.
O Tempo é um excelente artifício
para exercitar o preconceito!
Altivas e decididas vão as Horas pé a pé.
Dentre elas, elucida a Meia Noite: _ Não se preocupem meninas, os Dias não nos
acompanharão!
E segue o exército do Tempo. Os Dias
nada pronunciam! São sorrateiros e silenciosos. Vez ou outra se escuta qualquer
sussurro: _ N-ã-o a-l-a-r-m-e-m-o-s! As Semanas estão muito
próximas!
Alguém do lado de cá tenta parar
o exército. Mas são inúteis as tentativas! Não há relógio, calendário MAIA,
asteca ou judaico que o impeçam de seguir.
Timidamente se aproximam as Semanas.
À medida que chegam as alas, maior é o silêncio. E assim permanece entre os Meses.
Até que alardeiam as trombetas e rufam os
tambores! Chega o majestoso Ano, montado em seu cavalo branco. Luzes, púrpura e
fogos para anunciar o cavaleiro. Retomam o silêncio! Chegam os biênios, décadas, séculos, milênios,
alinhados como em frente de batalha, Com suas espadas afiadas, armamentos,
mantimentos. Nas costas, pesam as bolsas carregadas de misérias, epidemias e
temíveis males. Algumas outras veem num balão de festa, esvoaçantes no céu
colorido, trazendo alegria, fé e dignidade.
Não temem o batalhão! Enfrentados por todos os
tipos de livros, fórmulas e definições. Nas rodas científicas contam histórias
sobre os ilustres guerreiros e seus
feitos... E lá se vai o Tempo! Exige-se um tanto de disciplina para vê-lo
passar. (Não nos atrasemos muito! Ou
poderemos perder a última tropa, trajando o espetáculo do fim do mundo.)
_ ADIANTE! MARCHE! NÃO PARE!
Ouve-se novamente a voz do comandante. Mal sabem todos eles que não escutam o
capitão. Aliás, nenhum deles se escuta, andam dispersamente, porém são um só!
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